domingo, 29 de junho de 2014

[Estória de um mito]




Em paragens longínquas do Sul onde o mato grosso escondia os arroios proliferantes em águas corredias, esbracejavam as criaturas vigorosas com o seu tesouro movimentado, tinham apanhado o seu peixe. Criaturas de pequena dimensão, levava a pensar que já estava reestabelecida a reserva invernadoira para a tribo. Nos primórdios, Edda Poética dizia que eles, próprios, provinham das entranhas e ossaturas de gigantes. Teriam de construir a sua sociedade de acordo com os preceitos mitológicos da crença nesses seres quasímodos, ordenando numa série de decadência, um tanto letárgica, um tanto açorado. Certa fase da provinciana condição levara dois deles, Dvalinn, Bívör, a se passar para além das fronteiras conhecidas, munidos com os punhais à mão de semear se aventuraram a pôr os pés em terreno alheio. Uma valente imposição das suas joviais consciências era dominante por aquele tempereiro. O carácter do anão era conhecido pela força da sua capacidade em trabalhar a forja.
Colocou-se, a meio do intento, um percalço invulgar que levaria a tornar a tribo em risco. Depararam-se com uma presença dorminhoca atrás de uma árvore antiga. Um gigante!!
Finalmente, viu-se o terrível pé rude e mal-cheiroso. Caíram em primeira instância e, em breve trecho, ergiram-se como se tivessem molas. Os sons das palavras não correspondiam a algo conhecido, nem tão pouco amigável. Era mais parecido com os ruídos da forja do que a melodias de harpas. Tentaram escapulir, atiraram as maçãs recolhidas para trás com intuito de o punir pela perseguição desalmada relativa às pequenas criaturas. Mas de certo que não iria resultar. O gigante tinha triunfado na busca incessante no solo dos anões miseráveis, se colocara dentro da tribo. Rindo, ao que parece, das tristes moradias onde se abrigavam os diminutos tomos. Tornou-se rei, impondo uma Fé inquestionada sobre como a tribo se deve dispor perante ele, dando cibos da reserva alimentar. De uma só vez, aniquilou com o peixe.
Os anões desagradados reuniram esforços para depor aquele ser inarrável, mesmo dito nas premissas divinas de que o verbo provir era constante, a vontade de contrariar foi mais robusta!
Todos juntos roeriam os pés do gigante, aqueles pedaços malcheirosos que não os deixavam dormir pela madrugada. Completariam a maldita tarefa numa morosa obscuração. Para se tornarem cautos em próximos capítulos, registaram, em pedra, a horrenda aparição do gigante.
Na calmia de outros tempos, os anões se fortaleceram, trabalhando a terra, produziam tesouros numa imensidão. Porém, matreiros como eram escondiam essas preciosidades para que se mantivessem em mãos honrados. O carácter do anão era conhecido pela força da sua capacidade em trabalhar a forja.

#Pintura: "Dois anões" de Lorenz Frølich (1895).


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Estranhos feitios de Ser!

Excluem uns?,
Incluem outros?,
Porquê é que os fazem por medo, ou por convicção?
Diria Rousseau (1712-1778):
  • "De todos os animais, o homem é aquele a quem mais custa viver em rebanho."
- Émile
Se houvesse plenitude em actos e objectivação de fins, estaria a Humanidade mais repleta de altivas. Consequente, o homem é aquele que mais prejuízo a si próprio o faz, mais danoso para o equilíbrio de forças do Estado de Natureza. Mas será mesmo que o homem na sua fase embrionária o faz de acordo com os seus códigos morais e deontológicos?
Rousseau diz que não, vincando que "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe.", Ou, pelo menos, tenta-o corromper de tal forma que a única saída que a tem é sair dos trilhos sociais reconhecidos na sua generalidade, tornando-se um sem-abrigo funcional. Ou será esse o último estágio social de putrilagem em que não estes seres humanos são empurrados de lance inconsciente?
Enfim,...
Dizem que todo o mal advém da fraqueza!
Se da história não reza os fracos. Fazendo uma inimizade de todos contra todos, como o refere Thomas Hobbes, que discordo em absoluto. Pois o Absolutismo já o foi a tempos remotos, penso que, também, o foi a Guerra dos Tudors.
Passo a concluir de que um passo para fazer o Bem é não fazer o Mal.
Vivas a Rousseau! Que uma luz da sociedade nos deu.

#Swinside, círculo de pedras: Reza a lenda de que, certa noite, o Diabo fez submergir as pedras no solo, pensando de que os humanos serviriam-se delas para construir as fundações da Igreja.

Fotografia de Richard Mudhar, M.
     

quinta-feira, 13 de março de 2014

O propósito da Jarra!


Sempre sabe-se que uma jarra era essencial para
#Fotografia de Kglavin (Peça de porcelana irlandesa)
levar o elemento essencial à vida (água) para sítios
onde é necessitado, vem daí que a consciência faz
das suas e lembra-se do provérbio,
"Levar água ao seu moínho", o que porventura,

fará esta jarra um exequível instrumento, fiel à sua
razão de existir!
Não obstante, essa peça pode ser uma obra de arte, digna de pinturas de enormidade qualidade para mãos prendadas. Também se sabe que fora 

utilizada em cheirosos banhos de atletas do Olimpo, onde se deleitavam com grande prazer e 
divino excelso.
Tempos antigos onde caiem em esquecimento, os 
feitos humildes desses seres, com carácter fidedigno e exemplar.
Na sua absoluta condição  de que "Águas passadas não movem moínhos", origina daí um infortúnio capaz de derrubar as mais destemíveis montanhas de granito! A água, em sua essência, é uma dádiva celestial que é elemento motivador de grandes disputas, onde nascem ideias de dentro dela. Brota alimentos para a Humanidade e a Vida. Gera novas e antigas amizades, porém, também por ela, se intensificam hostilidades e inimizades. De facto, é o elemento mais precioso à face do planeta Terra!
Recito o ilustre Fernando Pessoa no ´Contemplo o Lago Mudo´ incluso em Cancioneiro,
"Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
"
 

  
Para compreender tudo isto, é essencial recorrer a este documentário para efectivar a mensagem:

quarta-feira, 12 de março de 2014

Ecos de Antero e Ad amicos de Sócrates!

Eis que, indubitavelmente, na grande Polis julga-se a grande concepção de que as societas são compreendidas pela sua inocência, ingenuidade onde se fundamenta o Princípio dos raciocínios, segundo Sócrates, advindo da essência das coisas! Claro que está uma das apologias, mesmo não estando incluída em sua defesa apológica de, diziam eles, não cumprimento de leis gregas, aproximava-se o ano 399 a.C.
Bem, tratando-se de uma pura injustiça, escuridão profunda, tornou-se claro aos olhos de Sócrates, surgir-lhe "tal" luz: «Não sou um ateniense, ou um grego, mas sim um cidadão do Mundo», sendo assim como é que leis pequenas podiam suster um cidadão projectado para a celestial polis? Será que o seu elementar Poder de transposição de fronteiras o tornava susceptível de tal profanação do seu espírito e chama acesa?!?, citado por Plutarco...
Vinha a saber que a acusação era de abduzir (Latim: abducere) a juventude de Atenas do culto a deuses ditos oficiais. Era demais para um homem tão ilustre. Já que ele diria mesmo que «O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu carácter.», em " Código social, ó sea, Eco de la moral de las naciones antiguas y modernas" [Nota: livro que eu o irei ler a seu tempo]; Destino o completaria, até findar o ano, o ilustre persona.
Nesse plano, colocaria o poema Ad amicos de Antero de Quental que até podia ser de Sócrates:
«Em vão lutamos. Como névoa baça,
A incerteza das coisas nos envolve.
Nossa alma, em quanto cria, em quanto volve,
Nas suas próprias redes se embaraça.

O pensamento, que mil planos traça,
É vapor que se esvae e se dissolve;
E a vontade ambiciosa, que resolve,
Como onda entre rochedos se espedaça.

Filhos do Amor, nossa alma é como um hino
À luz, à liberdade, ao bem fecundo,
Prece e clamor d'um presentir divino;

Mas n'um deserto só, árido e fundo,
Ecoam nossas vozes, que o Destino
Paira mudo e impassível sobre o mundo. »


 ("A Morte de Sócrates", por Jacques-Louis David (1787))

terça-feira, 11 de março de 2014

Eis que este é o meu primeiro artigo no meu espaço virtual em que coloco um pedaço de apreço aos cidadãos do Mundo. Nesta primeira reflexão, quero apenas reflectir sobre o que é a Democracia, o que ela representa perante as concepções literárias.  De certo modo, refiro sucintamente:
 
«Se a Democracia é a casa do carafuz e companhia, existe um paradigma pragmático associado à decisão da demanda vigente da liberdade. Encetei no dicionário uma outra demanda pelo sinónimo desta, dei por mim tendo um corisco na visão, achando uma sofrósina de pensar no amor à Pátria que os demais relevem húbris de modo igual. Sentimento fértil de resiliência da Nação em tempos obscuros. Visto isto, é proibido declarar o "desdê" ao serviço do hino e das vontades lusas. Fosse quem fosse, torna-se inexorável fazer cumprir a Kyrie, aplacar o morboso sentido de deserção em tempo de sufrágio e não dando conseguimento exofítico doutros. Lá como se diz " A felicia protege os audazes", que se tornarão em inquilinos do Panteão Nacional, onde se chamam de heróis de Portugal!»

Fotografia de Marc Schlumpf, www.icarus-design.ch (Democracia directa em Suíça)